BC: NE registra aumento de PIB superior ao do Brasil em 2009

Bahia (1,7%) Ceará (3,1%) e Pernambuco (3,8%) crescem mais que média nacional; Perspectiva para 2010 é ainda melhor

A economia nordestina teve em 2009 um dinamismo mais acentuado do que o nacional. A estrutura regional, menos suscetível aos impactos da crise mundial, registrou um crescimento do PIB significativamente superiores à registrada no país, atingindo 1,7% na Bahia 3,1%, no Ceará e 3,8% em Pernambuco.

grafico-296x260Os PIBs dos estados mencionados registraram crescimentos respectivos de 7,2%, 3,8% e 5,4% no quarto trimestre de 2009, em relação ao mesmo período de 2008. Além disso, a evolução dos principais indicadores relacionados à indústria, ao comércio varejista e aos mercados de trabalho e de crédito, segue em trajetória de expansão.

Trimestre

As vendas varejistas no Nordeste cresceram 3,4% no trimestre, encerrado em fevereiro, em relação ao finalizado em novembro, quando aumentaram 2,6%, de acordo com dados do IBGE.

Nos segmentos móveis e eletrodomésticos houve aumento de 6,3%, enquanto que equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação registraram 5%. O comércio (com destaques para material de construção com 4,5%, e veículos, motos, partes e peças com -0,8%) cresceu 1,8% no trimestre.

12 Meses

Considerados períodos de doze meses, o comércio varejista da região cresceu 8,1% em fevereiro, em relação a igual período de 2009, contra 5,6% de novembro.

Registraram-se aumentos nas vendas em todos os segmentos considerados na pesquisa, com destaques para artigos de uso pessoal e doméstico (17,6%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (10,6%).

Incorporados a elevação de 14,7% observada nas vendas de veículos, motos, partes e peças e o recuo de 0,5% assinalado nas relativas a materiais de construção, o comércio ampliado da região registrou crescimento de 9,6% no período.

Indústria

A produção industrial do Nordeste apresentou expansão de 3,2% no trimestre, encerrado em fevereiro, em relação ao terminado em novembro de 2009, quando registrara aumento de 4,8%, no mesmo tipo de comparação. Destacam-se, no trimestre, as atividades metalurgia básica (8,3%), e textil, (2,8%), contrastando com o recuo de 0,5% observado na indústria extrativa.

Já referente aos últimos doze, após um recuo de 6,6% em novembro, a produção industrial do Nordeste decresceu 1,2% em fevereiro, diante da retração de 2,6% assinalada no país. A recuperação observada na indústria da região refletiu os desempenhos nas indústrias extrativa e de transformação, que após recuarem 4,7% e 6,7%, tiveram retrações respectivas de 4,4% e 1% no novo período. Os destaques no setor vão para as produções de produtos químicos (aumento de 8%) e de calçados e artigos de couro (7%).

Crédito Financeiro

As operações de crédito superiores a R$ 5 mil totalizaram R$ 147,4 bilhões na Nordeste em fevereiro (aumento trimestral de 4,3% e anual de 32,1%), o equivalente a 11,6% do país, contra os 11,4% de novembro.

Os empréstimos para pessoas físicas somaram R$ 66,2 bilhões (4,6% no trimestre e 27,9% em doze meses) enquanto os relativos ao segmento de pessoas jurídicas totalizaram R$ 81,2 bilhões (4,1% e 35,7%) nas mesmas bases de comparação.

Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), após somarem R$ 22,1 bilhões em 2009, atingiram R$ 1,5 bilhão nos dois primeiros meses do ano (aumentos de 189,3% e 60,5%), consistentes com o processo de recuperação da atividade econômica na região. A inadimplência dos empréstimos do sistema financeiro situou-se em 4,1% em fevereiro, registrando recuo de 0,3 p.p., no trimestre.

O superávit primário dos governos dos estados e dos principais municípios da Região Nordeste totalizou R$ 2,2 bilhões em 2009, 67,1% menos que em 2008.

Safra de grãos

A safra de grãos da região Nordeste deve atingir 13,2 milhões de toneladas em 2010, 13,8% a mais que em 2008. Esse resultado incorpora as estimativas de crescimento para as produções de feijão (28,9%), soja (21,1%) e milho (6,2%).

Para as colheitas de castanha-de-caju (principal item de exportação regional) e de mandioca, estão projetadas expansões anuais de 38,7% e 9,8% respectivamente. A participação do Nordeste na safra de grãos do país deverá atingir 9,1%, elevando-se 0,4 p.p. no ano.

Importações e Exportações

A balança comercial do Nordeste apresentou, de acordo com estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), superávit de US$ 377 milhões no primeiro trimestre de 2010, contra US$ 636 milhões o mesmo período de 2009 – houve uma redução de 56,3%.

Em referente às exportações e importações, 87,8% registradas nas exportações e nas importações, que totalizaram, respectivamente, US$ 4.047 milhões e US$ 3.670 milhões.

A evolução das vendas externas, refletindo os aumentos observados nos preços, de 26,7%, e no quantidade exportado, 23,3%, traduziu a ocorrência de elevações nos embarques em todas as categorias de fator agregado.

As exportações de produtos semimanufaturados cresceram 19,5%, com destaques para açúcar de cana bruto (124,8%) e a cátodos de cobre (26,6%). Quanto aos manufaturados, houve aumento de 65,2%, com destaque para óleos combustíveis (373%) e a calçados (27,1%).

Os embarques de produtos básicos avançaram 121,1% no período. Os responsáveis por esse grande aumentão são osos minérios de ferro e seus concentrados, que cresceram 825,4%. As exportações nordestinas se destinaram, principalmente, aos EUA, 16,5% do total, China, 15,6%, Argentina, 6,2%, e Holanda 5,6%.

O crescimento registrado nas importações nordestinas, no período, traduziu os avanços observados nos preços (12,5%) e na quantidade importada (67%). As compras de bens de capital cresceram 32,8% no trimestre, impulsionadas pelo aumento de 19,9% assinalado nas aquisições de maquinaria industrial, com destaque para as compras de US$ 50,3 milhões relativas a outros grupos eletrogeradores de energia eólica.

Empregos/Caged

A economia da região registrou, de acordo com as estatísticas do Caged/MTE, a criação de 5 mil postos de trabalho no trimestre, contra a eliminação de 90,5 mil empregos formais em igual período do ano anterior.

Essa reversão acentuada refletiu, em grande parte, as contratações líquidas assinaladas nas atividades construção civil (18,6 mil), comércio (8,7 mil) e serviços (17,2 mil), que haviam sido responsáveis, em conjunto, pela extinção de 20,5 mil vagas no trimestre encerrado em fevereiro de 2009.

Vale ressaltar, ainda, a contribuição relativamente mais favorável da indústria de transformação, segmento responsável por 41,7 mil desligamentos no trimestre e pela eliminação de 19,5 mil postos de trabalho em 2010. O nível de emprego formal cresceu 2,4% no, refletindo a ocorrência de resultados positivos nas oito atividades pesquisadas, com ênfase no aumento de 7,4% verificado na construção civil.

É relevante enfatizar que a economia da região registrou a criação de 227,4 mil postos de trabalho em 2009, contra 203,6 mil no ano anterior. Isso graçaso ao dinamismo das indústrias de transformação e da construção civil, responsáveis pela criação de 92,3 mil e de 66,8 mil empregos.

Inflação

A inflação da região Nordeste, medida pelo IPCA3, atingiu 1,88% de janeiro à março, patamar 0,87 p.p. superior ao registrado outubro à dezembro. A aceleração foi decorrente do impacto mais intenso do aumento (1,10% para 2,40%) registrado na variação dos preços livres, em relação ao associado à desaceleração, de 0,80% para 0,67%, assinalada nos preços monitorados.

O desempenho dos preços livres refletiu, em especial, a aceleração de 1,23% para 3,98% registrada na variação dos preços dos itens não comercializáveis, com ênfase no reajuste sazonal de 6,92% observado no grupo educação.

Expectativas para 2010

O crescimento experimentado pela economia nordestina em 2009 evidenciou os impactos favoráveis da estrutura da indústria regional (pouco atingida pela crise mundial) e da participação expressiva da região como receptora das transferências governamentais no âmbito de programas sociais, que, paralelamente às melhoras assinaladas no mercado de trabalho, conferiu expressivo dinamismo à atividade varejista da região.

As expectativas de crescimento da economia nordestina para 2010 incorporam, portanto, em ambiente de renovação de investimentos associados a projetos privados e públicos na região, as perspectivas de que os fatores mencionados sigam contribuindo para o dinamismo da demanda interna e para a consolidação do processo de retomada da atividade.