Empreendedorismo com responsabilidade social

Sheila Ferrari, empresária que acredita na força do mercado para criança

Ela ainda estudava as oportunidades do mercado de trabalho, apresentadas na faculdade de Administração, quando teve a ideia de investir na carreira de empresária. Mas nada de criar marca própria ou negócio independente. A aposta da soteropolitana Sheila Bittencourt dos Santos Ferrari, então com 23 anos, se deu no que os analistas costumam chamar de “pacote pronto”: a franquia. Começava, assim, a expansão da marca Mercado Infantil (MI) para o Nordeste.

Loja da Mercado Infantil

Mercado Infantil foi escolha de empresária para entrar no mundo dos negócios.

A rede de confecção voltada para crianças foi criada no Rio de Janeiro há 11 anos e já em 2000 planejava entrar no mercado nordestino. Enquanto isso, em Salvador, Sheila concluía o curso superior e analisava a melhor forma de iniciar um empreendimento.  Até hoje, esse é o melhor conselho que a administradora reserva para os iniciantes nos negócios: em qualquer segmento, é muito importante que se faça uma pesquisa de mercado para avaliar as necessidades do consumidor.

Em suas pesquisas e observações, portanto, notou que o mercado baiano carecia de opções em vestuário infantil e foi atraída pela proposta de franquia da Mercado Infantil. “Escolhemos a MI por causa da sua proposta de liberdade e diversão para as crianças, com seu ambiente colorido, roupas alegres e infantis, brinquedos interativos e vitrines maravilhosas que divertiam e interagia com os clientes”, disse Sheila Ferrari, por e-mail, ao Tendências e Mercado.

Diversão e interação, aliás, foram dois requisitos obrigatórios para que a nova empresária fechasse o negócio com a marca. Cada loja da Mercado Infantil tem, como padrão, um quadro de oito funcionários e 50 metros quadrados de área, onde são espalhados videogames, mesinhas para desenhar e jogos de montagem. A aposta é na diversão das crianças e na tranqüilidade para que os pais façam as compras. O investimento custa cerca de R$ 130 mil.

Duas apostas bem sucedidas

Sheila investiu. Apostou, primeiro, em um setor que vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Franchising, em 2008 o sistema de franquias registrou um faturamento de R$ 55 bilhões, representando um aumento de 19,5% em relação a 2007. No mesmo ano, 200 novas empresas adotaram o modelo de franquias como estratégia de crescimento, o que contribuiu para aumentar o número de unidades franqueadas no país, que somam quase 72 mil.

Hoje, operam no Brasil 1379 redes de franquia, responsáveis por aproximadamente 648 mil postos de trabalho diretos e cerca de 2,59 milhões indiretos. Destas redes, 155 estão no segmento de vestuário. E é aí onde entra a segunda aposta bem sucedida da baiana Sheila Ferrari: o segmento teve 20% de crescimento em 2008, com um faturamento que superou os R$ 3,7 bilhões. Somente e rede MI possui 12 lojas espalhadas pelo país, quatro delas no Nordeste.

Mas, mesmo sem nenhum dado oficial, a empresária diz que soube que havia feito as escolhas certas logo quando abriu a primeira loja da marca no Shopping Iguatemi, na capital baiana. “Logo que abrimos a primeira loja, recebemos muitos elogios dos clientes, pois Salvador sofria com a falta de variedade na moda infantil”, lembra ela, que aponta em 30% a participação do Nordeste nas vendas da MI.

Sheila Ferrari com o marido paulo e o cantor NetinhoHoje com 32 anos, casada com Paulo Ferrari – que também é seu sócio -, Sheila se prepara para amadurecer ainda mais no segmento infantil. É que, além do “menino de 2 anos”, a empresária está com “outro na barriga, com 2 meses”. Nos próximos sete meses, portanto, deve aumentar o número de horas livres para o que mais ela gosta de fazer fora do ambiente de trabalho: curtir a família.

E, com a experiência materna, administra com ainda mais intimidade os negócios da franquia em Salvador, que já conta com duas lojas nos shoppings Iguatemi e Salvador Shopping, empregando 18 funcionários. Hoje, reforça a bandeira levantada pela MI.

“As crianças, tanto meninas como os meninos, querem usar roupas como as dos seus pais: sapato alto que não faz bem para a coluna, crescimento e desenvolvimento da criança, por exemplo. Na Mercado Infantil as roupas, sapatos e acessórios são desenvolvidos especialmente para crianças, com modelos e estampas alegres e com cores vivas”, ressalta Sheila Ferrari.

Neste final de ano, também comanda a campanha Mercado Infantil Solidário, projeto social da marca posto em prática na época natalina. Segundo a empresária, a cada quatro peças compradas nas lojas da MI, uma outra é enviada para uma organização não-governamental selecionada pelo cliente. Para ela, a iniciativa privada pode ajudar a reverter os problemas sociais da Brasil.

“Nosso país sempre sofreu com a desigualdade social e com a pobreza. Se não houver sensibilidade por parte dos empresários para diminuir esse sofrimento e dar um pouco de esperança a essas pessoas, com certeza continuaremos sofrendo com a indiferença. Nossas crianças são as principais responsáveis pelo futuro, então um dos nossos pilares é a responsabilidade social para com elas”, avalia Sheila.